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O Desenvolvimento que Alimenta Moçambique

Opinião

O Desenvolvimento que Alimenta Moçambique

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Por Rui Martins

187 milhões de meticais para pôr comida na mesa — não para fazer discursos.

Passamos anos a ouvir promessas de milhões, anúncios de prosperidade, discursos sobre gás e petróleo, grandes projectos e futuros brilhantes. O país foi transformado num PowerPoint permanente: Moçambique como hub energético da região, como potência de exportação, como novo eldorado do investimento estrangeiro.

Mas quando o discurso acaba e chega a hora de jantar, não é o gás que vai à panela. O petróleo não enche a marmita. A energia que não chega aos campos não alimenta ninguém. De todas essas riquezas anunciadas, pouca ou nenhuma chega à mesa do povo.

E é por isso que vale a pena parar e olhar para onde quase ninguém olha: para as instituições que, em silêncio, fazem o que realmente importa — alimentar Moçambique.

Entre Janeiro e Setembro de 2025, a Gapi canalizou mais de 187 milhões de meticais para aquilo que sustenta este país desde sempre: a agricultura e o trabalho de quem faz nascer alimento da terra. Não houve conferências internacionais, nem discursos épicos, nem foguetes. Houve trabalho. Houve resultados. Houve produção.

Apenas no campo, 178,2 milhões de meticais — 95% de todo o financiamento — foram transformados em sementes, irrigação, armazenamento, comércio, máquinas, cooperativas. Em oportunidades.

Não se trata apenas de financiar agricultores; trata-se de financiar dignidade.

Enquanto os bancos comerciais continuam de costas voltadas para o meio rural — cobrando garantias impossíveis a quem nada tem além de calos e esperança — a Gapi faz o contrário: coloca o dinheiro onde está o país real.

Em Lichinga, é juventude agrícola a erguer o futuro com as próprias mãos. Em Mocuba, é a agricultura familiar a levantar o comércio local. Em Vilankulo, é o campo a alimentar o turismo que dizemos estratégico.

De norte a sul, uma rede de delegações funciona como pontes para o desenvolvimento, não como balcões de burocracia.

Cada metical injetado é mais do que um número num relatório: é um campo que voltou a produzir, é uma mãe que garantiu comida na mesa, é um jovem que escolheu ficar em vez de fugir.

E tudo isto sem populismo, sem discursos inflamados, sem palco. Sem a arrogância do poder. Com a humildade do trabalho.

O país precisa, urgentemente, de decidir o que quer ser: um catálogo de anúncios milionários ou uma nação que se alimenta do seu próprio esforço.

Se estamos verdadeiramente preocupados com segurança alimentar, desenvolvimento rural, inclusão financeira e soberania económica, então não podemos continuar a ignorar onde está a verdadeira solução.

Chegou o momento de reconhecer e fortalecer quem está a fazer o que o Estado promete há décadas: colocar Moçambique de pé a partir da terra que o sustenta.

A Gapi mostrou que desenvolvimento não se proclama: faz-se!

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