Do Consenso de Monterrey ao de Sevilha: Um Novo Rumo para o Desenvolvimento de Moçambique
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Nos primeiros dias de julho de 2025, líderes de todo o mundo, incluindo o Presidente da República de Moçambique, e com a colaboração de quase quatro mil outros participantes de vários sectores sociais, diplomáticos e económicos representando mais de 190 países, mais de três centenas de organizações, reuniram-se em Sevilha, Espanha, para discutir um dos maiores desafios do nosso tempo: como financiar o desenvolvimento sustentável num mundo cada vez mais instável, desigual e vulnerável.
Dessa reunião nasceu o Compromisso de Sevilha, um novo quadro internacional que visa transformar a forma como os países, sobretudo os mais pobres, podem aceder a recursos para combater a pobreza, criar empregos e enfrentar crises como as alterações climáticas. Mas o que significa isso para Moçambique? E que oportunidades se abrem para o nosso país?
Uma Nova Realidade Global
O mundo vive tempos difíceis. As desigualdades sociais e económicas aumentam, as alterações climáticas agravam-se, e o custo de vida dispara. Muitos países, como Moçambique, enfrentam o peso de dívidas elevadas e dependem da ajuda internacional para financiar áreas vitais como saúde, educação ou infraestruturas.
O Compromisso de Sevilha reconhece que este modelo de desenvolvimento baseado na dependência da ajuda externa não é sustentável. O documento defende que cada país deve assumir a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, com o apoio de uma nova arquitetura financeira internacional mais justa, inclusiva e adaptada às realidades dos países em desenvolvimento.
O Que Está em Jogo para Moçambique?
Moçambique tem sido afetado pelos mesmos desafios que muitos países africanos enfrentam: falta de financiamento para projetos de longo prazo, dificuldades para atrair investimento produtivo e uma economia muito exposta a choques externos, como desastres naturais ou crises económicas globais.
É aqui que entram as principais mensagens de Sevilha:
1. Cada país deve ser protagonista do seu próprio desenvolvimento.
2. Os investimentos devem gerar crescimento económico inclusivo, sustentável e que beneficie as populações locais.
3. O financiamento deve vir de fontes diversificadas, incluindo setor privado, bancos de desenvolvimento e inovação financeira.
O Papel da Gapi-Sociedade de Investimentos
Moçambique não parte do zero. Há mais de 30 anos, existe entre nós uma instituição moçambicana que tem trabalhado discreta e reselientemente para dar vida a estas ideias: a Gapi-Sociedade de Investimentos.
A Gapi nasceu com a missão de apoiar pequenos empreendedores, promover a criação de empresas e gerar emprego, especialmente entre jovens e mulheres. Hoje, num contexto em que o mundo reconhece a importância das pequenas e médias empresas (PMEs) para o desenvolvimento, a Gapi ganha ainda mais relevância.
As propostas do Compromisso de Sevilha, como a necessidade de promover a inclusão financeira, apoiar a economia verde e reduzir desigualdades, são práticas que a Gapi já vem implementando há uns bons anos em Moçambique.
O Que Deve Mudar?
O novo consenso global exige que Moçambique:
· Reforce instituições como a Gapi, para que possam apoiar ainda mais o surgimento de empreendedores nacionais e a expansão de setores produtivos.
· Diversifique as fontes de financiamento, apostando em parcerias público-privadas, fundos verdes e financiamento inovador.
· Desenvolva capacidade local, para que o tecido empresarial se torne mais eficiente e competitivo e o país reduza a sua dependência da ajuda externa e crie as suas próprias oportunidades.
Uma Chamada à Ação
O Compromisso de Sevilha não é apenas um texto internacional: é um convite à mudança. Moçambique tem à sua frente a oportunidade de repensar o seu modelo de desenvolvimento, colocando as pessoas no centro das políticas públicas e aproveitando o dinamismo da sua juventude, da sua terra e do seu espírito empreendedor.
As instituições financeiras de desenvolvimento, como a Gapi, devem ser reconhecidas e fortalecidas como instrumentos essenciais para materializar esta nova visão de desenvolvimento. Com liderança, inovação e um compromisso coletivo, Moçambique pode caminhar para um futuro mais justo, próspero e sustentável.
